domingo, 18 de maio de 2014


Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume morto


Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume mortoA subserviência da grande imprensa ao PSDB é de tal ordem que um erro grosseiro cometido pela Sabesp de Alckmin foi amplamente divulgado como verdade. Esta semana inaugurou-se com pompa a gambiarra do volume morto.  A empresa divulgou que “o nível do Sistema Cantareira será acrescido de 182,5 bilhões de litros de água, o que fará com que o nível do sistema suba 18,5% a partir desta sexta-feira, 16/5”.  Há dois erros graves na frase.
A conta do Ensino Fundamental com relação à porcentagem está infantilmente equivocada. Tomara não seja má fé pura e simples. Conforme já mostrou o Tijolaço, a Sabesp divulgou 18,5% (~182,5÷974) e nossa incompetente mídia somou 18,5 com os 8,2% que havia no sistema antes encontrando 26,7%. Porém, a conta correta incorpora como água aproveitável os 182,5 bilhões de litros ao sistema, somados aos 974 bilhões teoricamente utilizáveis que lá havia. Logo, a nova capacidade seria 974 + 182,5 = 1156,5. 182,5 ÷ 1156,5 = 15,7% a mais e, somado à água que tinha lá, hoje o sistema teria 22,1% segundo a própria Agência Nacional de Águas – ANA. Note o erro propagado pelos “ventríloquos” da mídia nas manchetes acima.

 Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume mortoAlém disto, a Sabesp dizer que incorporar ao cálculo a água morta “fará com que o nível do sistema suba” é simplesmente uma mentira deslavada. A água continua no mesmo lugar, aliás, baixando. É o mesmo que dizer que a cobertura de um prédio que ficava a 60 m do chão agora fica a 870 m acima do nível do mar. Ora bolas: nada mudou. Esta maquiagem nos números, que se fosse feita pelo PT a mídia acusaria de “contabilidade criativa”, só serve para passar a impressão de que a situação ficou menos catastrófica. Até umcolunista do Estadão criticou.

A mídia lambe-botas dos tucanos usou até Ana Maria ‘Tomate’ Braga para pedir economia de água, como se fosse culpa da população. Os apresentadores amestrados do ‘Mal Dia Brasil’, da Globo, fizeram um esforço danado para louvar a inauguração de uma gambiarra e a qualidade da água morta. Mas escondem a mesma crise em 2001 e em 2004. Inclusive com as mesmas estratégias de bônus e de evitar racionamento declarado. Com os mesmos personagens de bico grande.

Para minha surpresa, a ANA concordou em mudar o referencial do nível do Cantareira. Assim, a Sabesp foi autorizada a captar água 5,8 m mais fundo no volume morto do Jaguari/Jacareí, acrescentando mais 104,33 bilhões de litros disponíveis no maior reservatório do Cantareira. Em Atibainha, a cota foi rebaixada em 4,88 m e está autorizada a retirada ali de mais 78,14 bilhões de litros do volume morto, perfazendo os 182,5 bilhões de litros divulgados por Alckmin. Como e por que a ANA concordou em mudar "o zero" do sistema por uma gambiarra de R$ 80 milhões que, inclusive, será inundada se chover muito e a água subir, aí, são mistérios.
Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume mortoNão há alternativa ao uso do volume morto hoje. O que não parece didático para a população ameaçada de falta d’água é alterar a estatística dando a impressão de que o nível subiu. Neste aspecto, continuar com contagens negativas quando o sistema baixasse de zero mostraria à população uma dimensão melhor da gravidade do problema. Já a conta da Sabesp foi tão esculhambada que chegaram a mostrar o Atibainha com 120% da capacidade! Ou seja, mais do que transbordando! A solução foi tirar os sites do ar desde ontem. Só um voltou mostrando o nível sem maquiagem, pelo menos até agora. Veja ontem: 26% na Sabesp e 7,8% dia 15 na ANA.

 Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume mortoHá inúmeras questões não respondidas nesta crise da água paulista. Segundo o Consórcio PCJ (macro região de Campinas), umrepresentante da ANA admitiu que a água não seria suficiente na seca. A agência emitiu nota, mas o PCJ lembra que já vem advertindo desde dezembro do ano passado sobre a necessidade de racionamento.

Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume mortoAlém do que, acreditar que haja uns 7 m de água abaixo daquelas bombas mostradas na TV é difícil. Mais fé ainda seria acreditar em uns 12 m de profundidade ali, para completar o resto do volume morto declarado até pela ANA. Como os ambientalistas diziam na crise de 2004, uma questão de muita fé. A cor marrom da água que saiu e a paisagem em volta deram a impressão de que as bombas estão mais perto do fundo do reservatório do que isto.Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume morto

Outra coisa difícil de acreditar é que as 7 bombas mostradas em operação, embora haja mais canos, possam fornecer cerca de 20 metros cúbicos de água por segundo. Isto é o mínimo que se tira hoje já com muito esforço e economia. Fora a obra em Atibainha, que como a mídia não mostra, ninguém viu. Parece que as gambiarras precisam de upgrade para dar conta do recado.

Mídia ajuda Alckmin espalhando lorota do volume mortoEnquanto os blogs sujos, a mídia alternativa confiável, não fizerem uma reportagem no Cantareira, com fotos, vídeos e medições, não dá para acreditar em nada que seja divulgado pela Sabesp nem repercutido pelo PIG. Afinal, erram até continha de porcentagem! Mesmo minha confiança na ANA está abalada quando lembro que há dois anos e meio a vazão do Cantareira está nas mínimas históricas e praticamente nada foi feito até março. Só então se obrigou uma redução maior na captação.

A mídia e a Sabesp estão com seu mico para pagar. Explicando ao povo que cometeram um erro vergonhoso nas contas do Cantareira. Sem dados confiáveis e chovendo muito pouco como agora, se este tal volume morto acabar antes do final do ano, convenhamos, ninguém informado poderá dizer que foi surpresa. Não parece que tucanar os números, abaixando o zero de um gráfico, vá de alguma forma contribuir para resolver o problema.

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